segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Paraísos a Sul

Feriado de 5 Outubro, três dias de descanso seguidos para ir passear com a família até ao Algarve. Bom tempo deste Verão que se arrastou quase até ao Inverno e que convidou a passar umas horas perdido algures numa também perdida e deserta praia da costa W de Sagres.

Mesmo para passear com a família, a cana, o carreto e uma caixinha com amostras têm sempre o seu lugar na mala do carro para aqueles momentos que se proporcionam.

Fim da tarde, e enquanto a família e os amigos vão dar um passeio até Sagres e escolher o restaurante para o jantar, por ali me fico naquela maravilhosa e deserta praia.

Na ponta mais a sul da praia armo o equipamento, uma minnow na ponta da linha e começo a lançar e a recolher sem sequer animar a amostra de qualquer forma.


Ao terceiro lançamento sinto um toque forte, paro a amostra por 2 ou 3 segundos, arranco com ela de novo e zás, aí vem o primeiro. Belo Robalo, não o pesei mas andava pelos 2 kg.





Isto promete pensei, nem dez minutos de pesca e já cá canta um. Continuei a lançar e a recolher mas mais nada. Tentei várias animações mas nada. Bom, pensei, vou mudar de amostra para uma mais escura que o sol já vai baixo.

Mudei a amostra continuei a lançar e passado um pouco lá está outro bem agarrado. Este é maior, lá vai a linha carreto fora e por sorte o peixe foge para o lado da praia e para fora e não para as pedras. Vou-me deslocando na areia á borda de água acompanhando a correria e travando o carreto por pontos (vivam os carretos com ajuste micrométrico). A linha aguenta bem um peixe destes, mas a cana é que talvez não se eu exigir demasiado dela. Sem problemas, o mar é aqui aberto e sem rochas, lá veio até à areia, nos últimos metros rebocado por uma pequena onda. Este é um momento perigoso porque a velocidade de recuperação tem que ser grande para manter sempre tensão na linha não vá o peixe desferrar-se. Excelente exemplar, teria 3 kg ou um pouco mais.





Isto promete, comentei comigo próprio enquanto continuava a lançar. Este tipo de amostras nada até 1 metro de profundidade e a maré a vazar tornava a água perigosamente baixa para elas. Duas ou três vezes prendeu mas deve ter sido no marisco agarrado à pedras e soltou-se sem problemas. Afastei-me uns metros para o lado da areia, continuei a lançar mas nada, nem um toque.




O peixe anda é ali nas pedras. Vamos tirar esta amostra, colocar um pencil popper e brincar um bocado mesmo junto às pedras. O dia já está ganho portanto nada a perder. Bem pensado, bem feito, aposta ganha. Aí vem outro, este é mais pequeno, dá uns bons esticões mas não arranca muita linha do carreto que tem o drag regulado para 3 kg. Veio direitinho, era efectivamente mais pequeno, era bicho para 1,5, 1,75 kg não mais.





Ainda se não tinha passado 2 horas desde que ali chegara e 3 belos torpedos já cá estavam.


Continuei a lançar tentando descobrir os canais por entre as cada vez mais pedras que sobressaíam da água agora já mesmo muito baixa, até que uma buzina insistente lá no alto da falésia veio quebrar o encanto.

Toca a arrumar a tralha toda, meter os convidados na mochila e trepar até lá acima, onde o sorriso de escárnio e complacência do meu cunhado se desfez num profundo "epáaaaaaa" quando tirei os ditos da mochila. Um último olhar ao paraíso.





Rumo a Vila do Bispo, lá ficaram os robalinhos em casa de uma prima do meu cunhado. Já me disseram que foi um festim no Domingo seguinte com a promessa de retribuição na forma de um cabrito assado no forno de lenha lá de casa.

Para terminar o dia em beleza, jantei um magnifico robalo "ao sal" em Sagres, regado com um Muralhas bem geladinho.