segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Spinning - Eleição do Material

De toda a Arte da Pesca esta é talvez a técnica mais complexa e mais exigente fisicamente para o pescador de costa, mas também a mais bonita e apaixonante. Trata-se aqui de combater e vencer peixes muitas vezes de grandes dimensões e peso, com equipamentos ultra ligeiros e ligeiros.

O spinning consiste no lançamento e recuperação de vários tipos de amostras ou artificiais, em locais previamente determinados. Esta técnica também é muito utilizada na pesca de barco. Pessoalmente quando navego de e para a pesca ou simplesmente em passeio com a família, levo sempre uma cana de spinning armada e pronta a entrar em acção. Nunca se sabe o que nos aparece pela proa.

O material a usar nesta técnica deve ser o mais ligeiro possível tendo em conta o pouco peso das amostras que se utilizam e as centenas de lançamentos e recuperações que se efectuam numa jornada de pesca. Deverá no entanto ser de construção robusta, com recurso a materiais tecnologicamente evoluídos devido á acção intensiva a que está sujeito.

Na aquisição do meu equipamento e que em seguida apresento, dei preferência a produtos de gama média, não descurando determinadas características de funcionamento, fiabilidade e durabilidade.

As Canas

As 3 características mais importantes de uma cana são a Potência, a Acção e o Peso de Lançamento.

  • A Potência de uma cana determina a força necessária para mover um peixe e é geralmente indicada pelos fabricantes em siglas UL (ultra light), L ( light), ML (medium light), M (medium), MH (medium heavy), H (heavy), XH (extra heavy), XXH (extra extra heavy).
  • A Acção de uma cana especifica o local do corpo da cana onde esta inicia a flexão tanto no lançamento como na recuperação S (slow), M (medium), MF (medum fast), F (fast), XF (extra fast). Este parâmetro combinado com o tipo de material usado no fabrico, e com os componentes, determina a performance da cana. É o que vulgarmente designamos por canas de acção de ponta, parabólicas e semi parabólicas.
  • O Cast Weight ou Peso de Lançamento especifica o peso máximo e mínimo que uma cana pode lançar. Geralmente confundimos este parâmetro com a acção da cana quando dizemos que a acção da cana é de X a Y gramas.

A cana ideal deverá ser leve e ter um comprimento entre os 2.70 e os 3.30 mt, podendo ser telescópica, em duas partes ou de uma só peça (ideal no comportamento mas pouco prática de transportar e difícil de encontrar). No entanto é minha opinião que um pescador de spinning deve ter pelo menos 3 canas de acções e comprimentos diferentes de modo a não ficar limitado no tipo de pesca e nas amostras possíveis de utilizar em várias situações.
  1. Shimano Catana Tele Spin 2.70 mt, telescópica e de 7 elementos, com Cast Weight de 10 a 40 gr. Cana leve (ML), nervosa e rápida (L), de acção concentrada na ponteira, extremamente leve e fácil de manusear o que permite uma fácil e eficaz animação das amostras quando tal se torna necessário. Lança muito bem e a distâncias razoáveis pequenas amostras de 7 a 10 gr. Com as amostras mais técnicas como poppers e passeantes, a sua acção de ponta permite executar as técnicas de "twitching" e "walk the dog" com uma perfeição extraordinária.


  1. Daiwa Emblem S 1102 MH - 3.30 mt de 2 elementos, com Cast Weight de 15 a 60 gr. Cana muito mais progressiva e potente (MH), mas que permite efectuar lançamentos mais longos com amostras mais pesadas, não dificultando no entanto a sua boa animação. É a cana ideal para lançar amostras entre as 30 e as 50 gr. O seu comprimento permite uma melhor utilização em pesqueiros mais elevados onde os 3 palmos a mais que a Catana são bem necessários. Trabalha muito bem os poppers pesados.


Os Carretos

Também aqui a leveza é essencial. Para além disso deverão dispor de um ratio elevado, superior a 5 : 1 permitindo recuperações rápidas, embraiagem ou drag frontal se possível com ajuste micrométrico (essencial para canas que especificam limitações de carga) , funcionamento suave e sem vibrações (quanto mais rolamentos melhor), e todos os "gadgets" dos modernos equipamentos como anti twist, anti reverso infinito etc.. Muito, mas mesmo muito importante é o material em que é fabricado o guia fios da asa do cesto porque certamente se irá usar multifilamentos e é sabido o poder abrasivo destes fios. Outra das características essenciais neste tipo de carreto é modo como procedem ao enrolamento da linha, devendo este ser efectuado em espirais curtas, ordenadas e bem ajustadas.



Daiwa Regal 4000 xi

Características

Ratio: 4.9:1

Rolamentos: 10+1

Peso: 405 gr.

Capacidade Linha: 270 mt de 0,35

Manivela em alumínio, freio micrométrico, travão da asa de cesto, bobine em alumínio e 1 extra em grafite.




Mitchell 298 GV ALU


Características

Ratio: 5.57:1

Rolamentos: 4+1

Peso: 460 gr

Capacidade de linha: 200 mt de 0,35

Corpo e manivela em alumínio, freio micrométrico, bobine cónica em alumínio e 1 extra em grafite.


Estes são os equipamentos que utilizo, mas nada me impede de sonhar com o que de melhor existe no Mundo para a prática desta modalidade. Quem sabe um dia destes..........












Shimano Stella 5000 FA e Shimano Lesath Spin


Este é para mim o melhor conjunto para spinning que actualmente se pode adquirir, e desde que bem tratado é para a vida inteira.

Tive a felicidade de o poder experimentar em Cayo Largo, Cuba, por amabilidade do proprietário um Canadiano que fez par comigo numa jornada de pesca, e com ele capturei um Bonnefish com 8 Kg. Este companheiro tirou, entre outros mais pequenos, um tarpoon com 17 kg. "Amazing" como ele próprio desabafou no final de 40 minutos de luta.

As Linhas

Neste capitulo deveremos muito bem analisar a qualidade e as características da imensidão de produtos existentes, mas não devemos economizar. É a linha que nos traz o peixe e é dela que depende o sucesso das nossas jornadas de pesca.

Finas para facilitar e melhorar os lançamentos, resistentes à abrasão para não cederem facilmente no constante roçar nas rochas, o menos visíveis possível, bom índice de carga de ruptura para que os exemplares capturados não a quebrem facilmente(neste contexto é bom dar uma vista de olhos no artigo sobre regulação do drag de um carreto, nomeadamente na diferença entre carga de ruptura e carga de impacto).

Tendo como base estas considerações carrego os meus carretos primeiro com 70 ou 80 metros de um monofilamento qualquer só para encher, em seguida coloco 100 ou 120 metros de Multifilamento Fireline Cristal da Berkley e no final 8 a 10 metros de Fluorocarbono Seaguar FXR ao qual ato a amostra. Com este tipo de montagem consigo reunir todos os requisitos acima indicados sem correr riscos desnecessários.










No Fireline utilizo genericamente os diâmetros 0.15 e 0.17, e no Seaguar conforme o tipo de pesca e do tamanho do peixe expectável no local, utilizo os diâmetros 0.260, 0.285 e 0.330.

Faltam as amostras, mas esse é um tema ao qual irei dedicar um artigo exclusivo.